segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Quando o "Furacão" Passou por Aqui

Essa história estava até meio esquecida entre tantas coisas que (felizmente) aconteceram na minha carreira. No fim de semana, mexendo em algumas poucas fitas de arquivo que eu tenho, encontrei uma das edições de um programa dedicado ao mundo do rodeio. É importante dizer que nunca fui muito ligado à acervo pessoal, um defeito grave, e por isso tenho pouquíssimas reportagens preservadas em VHS. Mas acabei guardando alguns desses programas, em especial, por serem de exibição nacional numa das grandes redes de TV do país e sucesso de audiência na época. Mas vamos ao que interessa. Eu era responsável por dirigir o tal programa e ainda fazer as reportagens, e naquela edição estava uma histórica: em 1998, o rodeio de Barretos recebeu um dos maiores nomes da música country mundial: Garth Brooks. Em sua única passagem pelo Brasil, o "Furacão de Oklahoma" como era conhecido, deu apenas duas entrevistas exclusivas. Uma delas para mim. Contei essa pequena história para minha filha, que estava ao meu lado sem saber quem era o entrevistado. Foi ela quem sugeriu que colocasse no Blog e por isso resolvi dividir o caso com vocês. Se você não conhece ou não se lembra de Garth Brooks, vale a pena dar uma olhadinha no clipe de um de seus maiores sucessos, que está postado logo abaixo desse caso.

Bom, eu sabia bem quem era o Garth. As músicas dele embalam festas country pelo mundo há alguns anos e em 98 ele já era um dos maiores vendedores de disco da história da música americana. O show em Barretos era um acontecimento. Como eu sabia que estaria lá (o mundo do rodeio "bate ponto" em Barretos), tratei de iniciar o contato com a gravadora mais de um mês antes. A confirmação de uma exclusiva foi quase inacreditável. Seriam quinze minutos cronometrados ao meu dispor num dos ranchos do evento. Apenas o meu programa e a principal revista eletrônica dos domingos havia conseguido essa liberação. Já as imagens do show histórico estavam proibidas para todos. Pela manhã, foi marcada uma coletiva. Eu resolvi participar como assistente em busca de alguma informação extra, mas acabou sendo um fiasco. Parecia mais assédio de fãs do que coletiva de imprensa. Todo mundo queria foto, autógrafo... no final, Garth teve que sair pelo fundo , fugindo de uma imprensa "tiete" que sempre me irritou.

Minha entrevista com ele estava marcada entre 14h15 e 14h30. A outra emissora gravaria das 14h00 às 14h15. Por ordem da gravadora, precisávamos estar no local com equipamento pronto até 13h30. Almoço nem pensar. Chegamos cedo, montamos duas câmeras para gravação simultânea e ficamos esperando na certeza de que o horário não seria cumprido. Engano. Garth foi pontualíssimo e às 14h15 estava ao meu lado para a entrevista. Tenho que dizer que dei uma "tremida". Estava acostumado a entrevistar artistas, mas ele era diferente. Respirei, combinei com o assessor que faria as perguntas em inglês e na sequência em português para ele. Garth responderia depois da pergunta em português. Na edição, eu faria a tradução.

Não sei se por conta do nervosismo justificável na situação ou por causa do sotaque forte do cantor, não entendia uma palavra sequer das respostas. Toquei a entrevista durante os quinze minutos liberados. Garth foi gentil o tempo todo, respondeu "editado" para facilitar minha vida. À noite, ainda consegui liberação para assistir o show no palco. Foi um dos maiores públicos da história de Barretos. Um show inesquecível para os amantes da country music. E uma entrevista exclusiva que rendeu pico de audiencia na exibição e entrou para a minha história.

2 comentários:

  1. Tô que nem a Bela. Tb não conhecia o furacão de Oklahoma. Adorei a música e a história. Saudade de ficar jogando conversa fora com vcs.
    Bjs.

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  2. Quirino, seu blog é ótimo. Bom de ler. Afinal, você tem histórias pra contar. Na de hoje, sobre o Garth, há duas revelações : uma, que vc não guarda fitas, scripts, não cuida do acervo pessoal...Uma falha muito comum no nosso meio. A gente não se preocupa em guardar reportagens ou edilções históricas...Uma falha de todos nós (me incluo nisso, claro). A outra é que a tal "imprensa tiete" te irrita. A mim também. Nada mais chato do que jornalista que se esquece da profissão para virar fã...Bem, é isso. Abraço e sucesso.

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