terça-feira, 28 de abril de 2009

Escolhido para uma Profissão



Quando resolvi escrever este Blog imaginei que deveria começar exatamente pelo princípio. Não que daqui prá frente vá contar meus casos obrigatoriamente de maneira cronológica. Acontece que a maioria absoluta dos jornalistas que conheço sonharam com essa profissão e construíram suas histórias a partir de uma decisão pessoal com apoio (ou não) da família. Mas, de qualquer modo, decidiram ser jornalistas em algum momento da vida. Não foi o meu caso.


Em 1987 eu morava em Ponte Nova, uma pequena cidade do interior de Minas que hoje tem pouco mais de setenta mil habitantes somente com meu pai, um sujeito bacana, mas extremamente problemático. Não vamos discutir minha então conturbada vida pessoal. Não é o objetivo do espaço. Só acrescentei essa informação porque aos 18 anos estava há 4 fora da escola e fazia de tudo prá ganhar dinheiro: vendia capitalização, título de clube, bilhete de loteria, jogo do bicho...


E foi assim que conheci a pessoa que me apresentou ao jornalismo: um padre, diretor de um colégio tradicional da cidade, absolutamente engajado na política local. De vez em quando eu passava no colégio e vendia alguma coisa ao tal padre, que adorava novidades. Acabamos ficando amigos. Pois bem. Numa tarde qualquer encontrei com ele numa das ruas do centro. Uma rápida conversa e o padre contou sua mais nova empreitada. Estava abrindo um jornal com apoio do prefeito, cansado de ser criticado pela única publicação de Ponte Nova, um semanário impresso em linotipo (alguém lembra disso?). Seria um projeto novo, com qualidade de impressão e uma proposta editorial moderna. Não entendi quase nada, mas achei tudo sensacional. E veio o convite. Se eu queria trabalhar no tal jornal? Claro! Seria meu primeiro emprego com carteira assinada.


No dia seguinte, na hora marcada, fui até o colégio onde fui apresentado aos "mentores" do projeto. Uma equipe pequena, quatro ou cinco pessoas. Entre eles, um jornalista experiente, que seria o responsável pelo jornal, semanário, em formato tablóide. O material seria impresso em Juiz de Fora. A primeira e grande decisão do dia foi o nome do novo jornal. Venceu "A Cidade". Eu me transformei em auxiliar de edição sem saber direito do que tratava, mas com a sugestão de escrever uma coluna que trouxesse um resumo de notícias de cultura, artistas, rádio e televisão.


Naquele dia de 1987 Ponte Nova ganhava um novo jornal. E eu era escolhido para uma profissão.